quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Rio e a bomba-relógio


Depois de um dia inteiro repleto de notícias sobre essa onda de violência, de ver amigos e parentes mudando drasticamente a sua rotina cotidiana, de ter o meu direito de ir e vir censurado e de ser bombardeada pelas mídias de massa a respeito, resolvi parar para refletir. De verdade.

Frente à tanta impunidade, resolvi pensar mesmo sobre o que leva uma cidade tão fantástica como a nossa estar vivenciando a experiência de uma guerra civil muito mais bélica do que as noticiadas na imprensa internacional. O Rio foi sendo engolido pelas diferenças sociais e pela impunidade ao longo de décadas e, adicionado ao fato de nunca ter havido uma política de segurança pública eficaz, não era tão imprevisível assim a explosão dessa bomba-relógio.

Vai me dizer que você nunca tinha ouvido o tique-taque dessa bomba soar em seus ouvidos diariamente, seja quando você volta do trabalho pra casa, seja quando você está para pegar um ônibus na Central do Brasil, seja quando você sai do shopping e tem que passar pela Linha Amarela, seja quando você pensa mil vezes quando é chamado para o aniversário daquele amigo que mora em Vila da Penha? Seja quando você evita Madureira no mês de dezembro, seja quando você evita a praia com medo do arrastão, seja quando você evita o centro da cidade nos fins-de-semana, seja quando você volta da Lapa de madrugada pela 24 de maio?

Esse tique-taque infelizmente, mas muito infelizmente mesmo, já faz parte da trilha sonora da cidade do Rio de Janeiro e das nossas vidas e dos nossos ouvidos cansados de guerra. Mas a minha pergunta é: Existe saída? Há alguma coisa que nós, cidadãos, podemos fazer para ajudar a nossa cidade nesse momento tão delicado?

As respostas, ainda não sei ao certo. Começo a esboçar algumas ideias, algumas teorias, mas o importante é que ainda vejo pessoas indignadas com tamanha violência. Acredito que a indignação seja o primeiro passo para a mudança, para que as autoridades sejam cobradas, para que se discuta mais frequentemente o futuro da cidade e sobre a educação de qualidade que deve ser inserida às pressas. E nessa loucomotiva de ideias e pensamentos, fico por aqui na esperança de que um dia, o tique-taque suma dos nossos ouvidos e que a paz invada essa cidade purgatório da beleza e do caos.



Um comentário:

Vianna disse...

Boa tarde, Saravah!!!
Teremos dias melhores, sem dúvida, Nosso São Sebastião há de zelar por isso. Há muito a ser feito, por todos nós, principalmente pelos cariocas de fato, como eu, que adoram esta Cidade e a defendem com "unhas e dentes" quando por esse Brasil afora.
A Lapa é uma demonstração inequívoca que tudo pode mudar. Quem poderia imaginar, lá pelos anos 80, que em 2008/2010 eu poderia levar minha mãe, de quase 80 anos, ao Carioca da Gema, CCC, Democráticos, tudo na mais perfeita harmonia. Depende de todos os atores envolvidos, mas, sobretudo, depende de nós.
Abraços afetuosos, Marco Vianna