Todo ano eu fico me lembrando do tempo em que passava o Dia dos Pais com o meu quando era vivo e a lembrança é sempre a mesma: meu pai sempre meio anti-social em seu quarto, enquanto o resto do povo convivia fraternalmente (ou não) na sala. O que o fazia sair do quarto? Apenas três coisas: 1-comida na mesa; 2- falar mal do Roberto Carlos justamente no dia de Natal, para o desespero da mulherada de plantão que ficava assistindo ao especial do rei na Globo; 3- engrossar o grupo de discussão sobre política (e eu na terceira opção ficava ali, ouvindo o povo desprezar ferozmente a VEJA e o Jornal Nacional. Revista era a ISTO É SENHOR, antes de virar ISTO É, e o jornal era o JB...faz tempo isso!!)
Meu pai era daqueles que ouvia de tudo quanto era música. Essa sua compulsão passou para mim por osmose mesmo. Foi ele o responsável pelo meu fanatismo por Chico Buarque, pelo meu primeiro contato com a Bossa Nova, com a Elis, com Caetano, com Marisa Monte, com Noel Rosa e por aí vai... Meu pai me deixou de legado o intelecto e ele sabia que este seria o maior tesouro que se poderia deixar para um filho (além, é claro, das questões éticas, morais, etc e etc.)
Essa história de deixar frutos é coisa bem comum entre nós. A família diminuiu, mas tal hábito ainda permanece. Se um dia meu pai me influenciou numa série de gostos, hábitos e pensamentos, hoje sou eu quem o faço para com os meus sobrinhos.
Dia dos Pais hoje significa passar a domingueira com a minha mãe, irmã, cunhado e sobrinhos. Depois daquela comida toda (porque minha irmã é mega exagerada), um filminho para assistir com a garotada. A bola da vez foi Crepúsculo, tirado de uma série de livros que viraram febre mundial. Foi aí que percebi esta troca de influências acontecendo mais uma vez. Minha sobrinha é vidrada em Claudia Leitte porque uma certa tia apresentou as músicas do Babado Novo que era a sensação nas micaretas (verdade, eu já curti micareta nesta vida...sic!). Hoje, neste domingo, saí vidrada na ideia de comprar todos os livros da escritora da série por causa dela. E essa troca de conhecimentos e gostos vai se perpetuando de forma sutil, como também acontecia quando era adolescente e meu pai me sentava pra ouvir o último CD comprado.
E foi hoje que percebi que o que havia nele, ainda há em mim e o que existe em mim existirá nos próximos e próximos e próximos. E este DNA de influências vai vencendo a morte, os desgastes e o tempo que não cansa de passar entre nós. E é assim que a vida não se acaba; apenas se renova...
Feliz dia dos Pais!!!
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