domingo, 5 de dezembro de 2010

Tricampeão!!


Cinco horas da tarde do dia cinco de dezembro. Parque das Rosas, Rio de Janeiro. Centenas de pessoas coloridas com o verde, branco e o grená se misturam nos bares do local.
Cinco horas e dez minutos. É dada a largada. Apita o juiz o início de um sofrimento sem-fim para milhões de tricolores espalhados pelo infinito. Os minutos passam como se passassem dias, semanas. As mãos suam e já não sei se é mesmo do nervosismo ou do calor em excesso. O coração pulsa. E pulsa. E bate mais forte. E apanha. E nada. O grito, preso na garganta há 26 anos, continua entalado. Começo a rezar...
Fim do primeiro tempo. Fluminense 0 x 0 Guarani. Todos estão de olho também no Corínthians e sua mala branca e o Cruzeiro, que corria (ainda) por fora. O nervosismo aumenta. Largo do refrigerante e peço uma cerveja.
Segundo tempo: um chope, dois, três, já perco a conta. O corpo treme, os olhos avermelham, o resto do corpo apanha com vontade do coração que já não podia mais se conter. Mas é aos dezessete minutos que toda aquela eternidade, toda a angústia de vinte e seis anos sem o título, de todo sofrimento de um quase rebaixamento em 2009, foi pras cucuias. "Nense, porraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!" era expurgado em uníssono no Engenhão, na Apoteose, no Rosas, nos churrascos dos amigos e nas casas das famílias tricolores.
E, com essa enchente de emoções que começamos juntos a fazer a contagem regressiva. Faltam dez minutos! Faltam cinco! Faltam dois minutos! Falta um minutooooo!! Acabouuuuuu!!!
É CAMPEÃOOOO!! É CAMPEÃOOOOO!!!!
Nem se eu tentasse, nunca mais conseguirei traduzir o que senti naquele exato momento. Só posso escrever sobre o que me lembrei de imediato: a imagem do Campeonato Brasileiro de 1984.
Eu tinha apenas quatro anos, mas essa lembrança ficou guardada até hoje. Assim que o Fluminense venceu o campeonato, meu pai me pegou pelo braço e me levou até a casa do meu avô, também tricolor. E no portão de uma rua pacata do subúrbio do Rio, três gerações tricolores se abraçaram e comemoraram juntas a vitória de um amor familiar, comum naquela casa, naquela família. Mas não foi o fato da comemoração que me fez não ter esquecido deste dia. O que me chamou a atenção, tão pequena ainda, foi o fato de ver naquela rua pacata do subúrbio do Rio meu avô e meu pai se abraçarem num abraço nunca antes visto nem por mim, nem por outros entes. O Fluminense derreteu naquele dia o gelo guardado entre os dois e estreitou laços que precisavam ser apertados há tempos.
E foi a partir desse dia que descobri como era bom ser tricolor...

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