No catolicismo, no dia 08 de dezembro é comemorado o dia de Nossa Senhora da Conceição. Já no sincretismo religioso, Nossa Senhora da Conceição representa tanto Yemanjá quanto Oxum. Na verdade, nada disso importa. O que importa mesmo é que, independente de religiões e crenças, a figura de Maria exerce fascínio pela sua história de amor, sofrimento e dedicação ao seu filho Jesus.
Como fui criada em colégio de freiras, sempre na hora da entrada apareciam as noviças para "entreter" a criançada durante a forma. E enquanto formávamos, era comum ver essas mesmas noviças cantando e tocando violão no palco em frente ao portão de entrada.
Muitas músicas católicas eu aprendi na hora da entrada da escola, já que não era lá uma católica praticante (avó umbandista + mãe esotérica + pai ateu = samba do criolo doido). Só que uma das músicas continha uma letra linda, poética, um pouco triste, mas que conseguia mexer lá no fundinho com as crianças exaltadas no pátio de entrada: "Maria de minha infância"
Maria de minha infância
(Pe. Zezinho)
Eu era pequeno, nem me lembro
Só lembro que à noite, ao pé da cama
Juntava as mãozinhas e rezava apressado
Mas rezava como alguém que ama
Nas Ave - Marias que eu rezava
Eu sempre engolia umas palavras
E muito cansado acabava dormindo
Mas dormia como quem amava
Ave - Maria, Mãe de Jesus
O tempo passa, não volta mais
Tenho saudade daquele tempo
Que eu te chamava de minha mãe
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Depois fui crescendo, eu me lembro
E fui esquecendo nossa amizade
Chegava lá em casa chateado e cansado
De rezar não tinha nem vontade
Andei duvidando, eu me lembro
Das coisas mais puras que me ensinaram
Perdi o costume da criança inocente
Minhas mãos quase não se ajuntavam
O teu amor cresce com a gente
A mãe nunca esquece o filho ausente
Eu chego lá em casa chateado e cansado
Mas eu rezo como antigamente
Nas Ave - Marias que hoje eu rezo
Esqueço as palavras e adormeço
E embora cansado, sem rezar como eu devo
Eu de Ti Maria, não me esqueço
Sei que o tempo passou e aconteceu exatamente o que Padre Zezinho compunha: com o tempo, realmente esqueci muitas das vezes de rezar como o de costume durante a infância. E senti falta. A figura de Maria, para uma criança criada tanto no catolicismo quanto na umbanda, é e sempre será de importância incalculável. Só sei que hoje não me esqueço mais de pedir proteção, mesmo que em pensamento, a Maria, a Oxum, a Yemanjá. Tanto faz. De todas as formas, ela sorri pra mim enquanto eu durmo...
Um comentário:
Sorri para todos nós que temos fé! Belo texto!
Que "elas" nos protejam e continuem sorrindo para nós!
Bjs
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